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sábado, 22 de fevereiro de 2014

Secretary - Capítulo 20


Música 1 e Música 2


Last chance to lose control...

Vi seu corpo ser colocado dentro daquela ambulância em câmera lenta. Eu permanecia estático ali, jogado no chão, ainda me perguntando como aquilo havia acontecido. Como eu deixei ter acontecido. Eu, o dono do controle, aquele que sempre dava as ordens, aquele que controlava tudo que acontecia ao seu redor. Porém não aquela vez... 
Foi tão rápido... 


Esperei que as forças para levantar dessem as caras, mas elas haviam me abandonado; assim como ela, que aos poucos ia sumindo do meu campo de visão. Um dos paramédicos fechou a porta da ambulância e a sirene foi ligada. Logo eu estava sozinho ali, sem ela. Olhei ao redor, vendo Cassie e Jared ainda chocados, congelados, com receio de dar um passo em minha direção, sentindo pena, talvez. Cameron estava um pouco longe de mim, encarava o chão, onde o sangue dela ainda permanecia, não sendo totalmente lavado pela chuva que diminuiu com o passar do tempo. Ele parecia estar se remoendo, talvez até se culpando pelos acontecimentos. Ele não conseguiria se sentir mais culpado do que eu naquele momento. Fiz um pouco de força, sentindo meus músculos lutarem contra minha ordens e consegui levantar, sentindo minhas pernas muito fracas e minha vista embaçada. 
- Vamos para o hospital agora, não é? - ouvi a voz trêmula de Cassie, mas não esforcei em virar meu rosto para olhá-la e nem pensar em alguma resposta. 
- Eu vou pegar o carro! - Jared disse nervoso, saindo de perto de nós, correndo mais do que conseguia. Minutos depois ele parou onde estávamos com o carro que trouxe àquela maldita festa. Cassie olhou para Wolfe e parecia que ela ia perguntar algo a ele. E eu já sabia muito bem o que era. 
- Você vem? - por impulso, parei na frente dos dois, lançando um olhar mortal para Wolfe, que não moveu nenhum músculo, apenas levantou o olhar para mim, com as mãos fechadas em punhos. 
- Nem pense... - ameacei, com a respiração forte, não reconhecendo a minha própria voz. Estava grave e grossa demais, como a de um monstro. O monstro que eu era. 
- O que você vai fazer pra impedir, Jonas? Vai me matar? Vai terminar o que mandou Ian fazer? - ele veio pra cima de mim, com os braços meio abertos e eu sentiria que se ele não parasse, ia acabar cometendo uma loucura. - Deixe de ser egocêntrico uma vez em sua inútil vida e aceite o que viu. Poderia ter sido bem pior. Eu tentei protegê-la, eu corri contra aquela maldita bala. 
- Mas não protegeu. - apontei para o sangue no chão. - Você é um merda mesmo! 
- MERDA É VOCÊ! - ele gritou e Jared se aproximou de nós, pronto para segurá-lo caso tentasse alguma coisa. - Você ficou congelado assistindo tudo como se fosse um filme. Eu tentei. - fechei os olhos com força e avancei ainda mais nele, que não se intimidou, esperou minha atitude. 
Jonas! - a voz de Cassie gritou e ela caminhou rápido até nós dois. - Eu não sei por que diabos vocês estão brigando, eu não sei por que diabos meus olhos viram o que acabaram de ver, eu estou mais perdida que cego em tiroteio, mas de uma coisa eu tenho certeza. - ela deu um soco de leve em meu ombro, me empurrando um pouco para trás. - A Demetria está ferida, está indo para um hospital agora mesmo, está perdendo sangue, está perdendo a vida... - ela respirou fundo. - Eu não sei qual é o tipo de problema que você tem, pouco me importa se vai me mandar embora da empresa depois disso, mas QUE SE DANE! Entra logo naquela porra daquele carro! - a voz dela era forte, mas eu percebia que logo ela iria chorar. Olhei para Wolfe, que me olhou de volta e abaixou a cabeça, encarando Cassie depois. 
- Vocês estavam bebendo, eu dirijo. - Cameron disse, Jared deu a chave para ele. Caminhei sem perceber até o carro. Cassie foi para o banco do passageiro e eu fiquei no banco de trás, com Jared ao meu lado. 

Cameron's POV 

Eu tentava manter meu olhar fixo na estrada, prestando atenção em tudo ao meu redor, para que outro acidente não acabasse acontecendo. Era inevitável não encarar o rosto de Jonas pelo retrovisor de dentro do carro, era inevitável não sentir aquela raiva que eu estava sentindo. O rosto dele estava congelado, seu olhar se perdia, encarando a janela do carro que estava aberta. Havia muito sangue em sua camisa, o sangue dela. Deus sabe que eu tentei protegê-la, ele sabe que, apesar dela provavelmente me odiar, eu sentia algo por ela, essa era a única verdade por trás da mentira que eu estava vivendo. 
Encarei a mulher loira que estava ao meu lado e percebi que ela retribuiu meu olhar, assustada e com lágrimas caindo pelos olhos. Eu sabia como chegar ao hospital que estavam levando Demetria, sabia o caminho. Pelo menos uma facilidade. 
O silêncio no carro estava me deixando tenso, diversas vezes eu senti o olhar de Joseph sobre mim, eu conseguia sentir sua fúria, era quase algo que poderia ser tocado. Mas ele era o que menos importava naquele momento. Ela era importante, só ela. 
Eu precisava vê-la de novo, eu precisava aceitar as coisas como estavam sendo... Eu só não sabia por quanto tempo minha aceitação duraria. 
Percebi uma movimentação perto de onde estávamos, chamando a atenção de todos no carro, menos de Jonas, que permaneceu feito uma estátua. Um carro em alta velocidade passava pelos outros quase batendo contra eles, eu conseguia ouvir o barulho dos pneus contra o chão, chegava a ser um barulho insuportável de tão frenético. Minha visão avistou um caminhão se aproximar, estava indo em direção ao carro. 
Foi tudo muito rápido, os dois se chocaram, o carro capotou duas ou três vezes e todos ao redor pararam para assistir. 
- Aquele carro... - o tal Jared que estava no banco de trás disse, enquanto a loira tinha a mão na boca, chorando. - Pode parecer loucura, mas eu acho que o Ian estava naquele carro! - Jonas virou o rosto para olhá-lo. 
- Tomara que seja, tomara que esteja morto agora. - aquelas palavras saíram com repulsa da boca dele e eu apenas continuei a encarar o acidente que acontecia na frente dos meus olhos. - Dá pra você ir logo, Wolfe? - ele se aproximou do banco onde eu estava, se controlando para não gritar. 
Acelerei, passando pelos diversos carros parados no local. Senti arrepios pelo meu corpo ao avistar a polícia. 

/Cameron's POV 

Saí do carro, sentindo todo o meu corpo protestar. Olhei para a fachada do enorme hospital que estava todo iluminado e movimentado. Milhares de coisas começaram a passar pela minha cabeça de novo. Eu era um fraco mesmo, nem a minha dor eu conseguia esconder dos outros, cada dia que passava eu enfraquecia mais, cada dia eu ia ficando mais parecido com o inocente Joseph que foi deixado pela mãe, perdendo totalmente o jeito "foda-se o mundo" que eu tentei durante tanto tempo manter intacto. A verdade era que toda a força que eu consegui construir durante todos aqueles anos simplesmente desmoronou em segundos quando eu vi o corpo de Demetria cair, quando eu vi a dor e o medo estampado em seus olhos. Eu nunca a tinha visto daquele jeito, nunca tinha conseguido imaginar ela em uma situação como aquela. 
Era como se, pela primeira vez, eu realmente tivesse me tocado que ela era um ser humano, tão frágil quanto qualquer outro, tão frágil ao ponto de perder as forças, sangrar e... Não, eu precisava tirar aquela maldita palavra da minha cabeça, eu não podia pensar naquilo. Não aconteceria, não podia acontecer... Não iria. 
Ela não iria morrer. 
Não esperei os outros que estavam no carro e fui o mais rápido que consegui até a entrada do hospital, passando pela porta e dando de cara com aquele ambiente tão branco que fez meus olhos arderem. Olhei desesperado ao redor, procurando algum indício dela, mas tudo que consegui ver foi uma enfermeira. Era a que estava na ambulância. 
Notando o sangue em seu uniforme branco, corri até ela, esbarrando em um homem que me xingou de algo que eu estava atordoado demais para entender, parando sem fôlego em sua frente. Ela olhou para o estado da minha camisa, adotando uma expressão triste. 
- Cadê ela? - vi Jared e Cassie se aproximarem, aflitos. Não tinha a mínima ideia de onde Wolfe estava. 
- Vocês são o que dela? - a paciencia daquela mulher estava começando a me incomodar. 
- Que diferença isso faz? - falei um pouco mais alto. - Eu quero saber se ela tá bem, só quero ver ela logo com os olhos abertos e dizendo que a dor passou! - por um momento, lembrei do meu estúpido desejo de infância de seguir a carreira de medicina, de ajudar pessoas doentes, curar feridas. 
Será que se as coisas tivessem se tornado diferentes na minha vida e eu realmente fosse um médico naquele momento, Demetria estaria ali com um tiro, tão assustadoramente perto do coração e pulmões? Provavelmente não. 
- Por favor, senhor, me responda, caso contrário eu não posso dar informações. 
- Somos amigos dela! - Cassie apontou para si mesma e para Jared. 
- Eu sou... - fechei os olhos, conseguindo enxergar praticamente tudo que havia acontecido entre mim e Demetria durante todo aquele tempo. Desde a ida dela a minha casa, com aquele vestido vermelho que me tirou o fôlego, até a sua última frase, antes de apagar. 
Eu tentei... 
- Eu sou o namorado dela! - soltei, vendo os olhares arregalados de Jared e Cassie sobre mim. Tinha sido uma resposta idiota, afinal, nós nem chegávamos perto de ser namorados, ela deveria me odiar depois de toda aquela merda que eu disse... Mas foi inevitável imaginar eu comprando um anel para ela, levando Demetria até uma praia e pedindo ela em casamento, sendo o cara mais meloso e ridículo do mundo. 
Era assim que pessoas apaixonadas se comportavam. 
- Certo. - ela procurou algo com os olhos e depois fez sinal com uma mão para que outra enfermeira se aproximasse. - Eu preciso de algum documento dela, ela tem familiares? - eu não sabia o que responder, senti vergonha ao lembrar que ela tinha uma família, imaginar o que a mãe dela faria quando soubesse que a filha estava em um hospital em Los Angeles baleada. 
Simplesmente por um desejo perturbado de um cara. 
Eu sabia que sua família morava na Suíça, sabia o quanto complicado seria para sua mãe viajar até onde a filha estava, saber o estado que a mesma se encontrava. Jared começou a procurar algo nos bolsos da calça. 
- Onde estão as coisas dela? - ele me olhou com certeza de que eu sabia. 
- Não me lembro bem, deve estar na mala, no quarto que ficávamos... - mais memórias insuportáveis e boas ao mesmo tempo. Então ele sumiu de vista, deixando Cassie parada atrás de mim. 
- Ela vai ficar bem? - olhei para a enfermeira que tentava evitar meu olhar. 
- Olhe, o ferimento causado pela bala não foi tão grave. Eu diria que foi de raspão. A região atingida poderia ter sido outra, outra pior. Ela perdeu muito sangue, mas teve sorte. - naquele momento eu procurei alguém com o olhar. Wolfe estava sentado em uma das cadeiras em uma sala de espera a frente de onde eu estava, os cotovelos apoiados nas pernas, as mãos sobre a cabeça que estava abaixada. A mulher olhou para vários papéis que segurava. - Mas complicações podem surgir. - após dizer isso, ela saiu de perto de mim, caminhando para uma área com várias portas. Abri e fechei a boca algumas vezes, sentindo Cassie chegar mais perto de mim. Ela colocou a mão sobre o meu braço e eu me virei, sentindo ela me abraçar calmamente. Não aguentei por muito tempo e já senti as lágrimas em meus olhos de novo. 
Mas que droga! A situação só piorava. 
- Complicações podem surgir... - ouvi Cassie fungar, provavelmente tão abalada quanto eu. 
- Por que eu não entendo o que aconteceu diante dos meus olhos, Sr. Jonas? - eu não sabia responder aquela pergunta. 
- Não sei, Cassie, não sei... A única coisa que sei é que ela não pode... - não consegui terminar a frase, me soltando dela e esfregando as mãos nos olhos. 
Joseph, ela não vai! - seu olhar era confiante. - Ela é uma pessoa teimosa... - um sorriso triste estava em seus lábios. - Você deve saber bem disso... – olhei-a, imaginando o que ela pensava que acontecia entre nós. Um namoro, sim, deveria ser isso. 
- Se as coisas fossem como você imagina... Seria tão mais fácil! 
- Mesmo que não sejam como eu imagino, dá pra ver, ou melhor, dá pra sentir o que vocês dois têm... É tão forte, sei lá, chega a dar arrepios! - ignorei tudo aquilo, achando uma tremenda idiotice e caminhei pelo hospital. Encostei-me a uma enorme parede branca que ficava em um corredor meio escuro e caí sentado, cobrindo meu rosto com as mãos. 

Apertei meus olhos com força, sentindo aquela claridade horrível me irritar. Um vento forte passou por mim, e então eu percebi que estava em algum tipo de praia. A praia que eu havia levadoDemetria na noite que Margo se matou, a mesma praia que ela me levou dias depois. Quando tudo parecia estar bem.
Diferente daquelas duas vezes, o sol brilhava forte demais e o mar estava agitado, tão agitado quanto eu. Forcei um pouco minha vista, vendo uma silhueta feminina. A mulher tinha cabelos compridos que estavam soltos, me lembrando os de Demetria. No corpo eu conseguia ver um pano leve acompanhar o vento, era um vestido branco. Sem pensar duas vezes, fui correndo até onde ela estava, tendo a sensação de que quanto mais eu corria, mais longe ela ficava. Quando finalmente a alcancei, ela parecia ainda não ter percebido minha presença e olhava distraída para o mar, fechando os olhos quando o vento ficava mais forte, como se quisesse sentir ele melhor.
- Você... - comecei, vendo ela se virar na minha direção, os olhos um pouco surpresos por me ver. - Você está bem! - ela fez um sinal positivo com a cabeça, sorrindo fraco. Tentei me aproximar, mas ela fez um sinal com a mão para que eu parasse, ficando séria no mesmo instante.
- Joseph... - sua voz estava diferente de como eu sempre escutava, era mais calma, quase inaudível. - Você realmente quer que eu esteja bem? – olhou-me em dúvida, cruzando os braços, fechando os olhos quando o cabelo acidentalmente se chocava contra seu rosto devido ao vento.
- É claro que eu quero! – aproximei-me dela, vendo ele recuar um passo. - Se você soubesse como eu me sinto culpado, eu... - estiquei minha mão para pegar o braço dela, mas levei um susto ao perceber que a mesma passou por seu braço como se nada estivesse ali, como se ela não estivesse ali. Uma expressão de pânico se formou no rosto de Demetria e ela se afastou ainda mais, ficando distante de mim.
- Não se preocupe, meu amor. - senti todo o meu corpo se arrepiar ao ouvir aquilo da boca dela. - Vai acontecer o que tiver que acontecer... - e a cada segundo ela estava mais longe de mim. - Caso aconteça algo ruim... - eu tinha que me esforçar para ouvir sua voz tão longe e baixa. - Saiba que eu nunca desisti de você, na verdade eu ainda não desisti do 
Joseph, a pessoa que você realmente é.
Sua voz havia sumido, seu corpo, tudo... Eu estava sozinho naquela praia.
 

Levantei meu pescoço rápido, piscando os olhos diversas vezes, respirando fundo, sentindo uma forte dor na cabeça. Não tinha passado de um sonho. Percebi que eu estava sentado no chão do hospital, em um dos corredores que não estavam tão movimentados. Horas deveriam ter se passado. 
- Pesadelo? - virei meu rosto na direção da voz e percebi que Wolfe estava sentado do mesmo jeito que eu, exatamente na minha frente. Seu estado era parecido com o meu, mas eu estava pior. Encarei minha camisa com o sangue seco, e pensei para respondê-lo. 
- Isso tudo já é um pesadelo, se você não percebeu! 
- A diferença é que desse nós não vamos acordar. - balancei a cabeça, vendo Jared sentado com Cassie em algumas cadeiras em uma parte meio distante de onde eu estava. - Ele já trouxe as coisas dela, já entraram em contato com a mãe dela. Está vindo. Ela vai te matar. 
- Cale a boca, antes que eu te mate! – olhei-o com fúria, desistindo segundos depois. Não valeria mais a pena. 
De repente percebi que vários médicos corriam em nossa direção, seguravam alguns equipamentos nas mãos, as expressões aflitas no rosto. Todos que estavam por perto pararam para olhar, Cassie e Jared se levantaram, vindo até nós. Eu senti algo naquele momento, algo ruim. Minhas pernas se levantaram mesmo que sem vontade e eu corri na direção que eles estavam indo. Wolfe veio atrás de mim e acho que o pânico estampou ambos os nossos rostos. 
A porta estava aberta, eu estava assistindo tudo aquilo. 
Uma médica respirava com dificuldade, seus olhos estavam tensos. Ela segurava algo que deveria ser um desfibrilador nas mãos, pedindo para que os outros três que estavam com ela ficassem preparados. O que mais chocava naquela cena era o barulho que preenchia meus ouvidos... Um som que avisava que os batimentos cardíacos de alguém pararam... 
Ou talvez o que mais chocou era o fato do desfibrilador ter se chocado contra o peito dela. 
Demetria. Sem batimentos cardíacos. 
- Vamos de novo! De novo! - a médica gritava, segurando firme o aparelho e fazendo o corpo de Demetria subir e descer de um jeito agressivo. Aquele barulho não terminava, aquele pesadelo não acabava. Eu não estava conseguindo acordar. 
Maldição, maldição. 
Eu tentei entrar naquela sala, sentindo meu coração quase parando junto com o dela, mas Wolfe me segurou com força, enquanto eu me debatia. 
- Para, Joseph, para! 
- Me solta, porra! - minha voz era puro desespero, eu não podia estar vendo aquilo. 
- Não podemos perdê-la! Vai! Mais uma vez! - as lágrimas fizeram meus olhos arderem e eu me soltei de Cameron, caindo sentado no chão de novo, cobrindo os olhos com as mãos. Era demais pra mim, era mais do que eu jamais conseguiria aguentar. Eu desejei morrer, desejei apagar naquele exato momento. Sem ela nada mais teria sentido, meu coração não teria forças para bater se o dela não o fizesse. 
Basta! 

If you leave me... If you leave me...

Um barulho alto seguido por um insuportável zumbido em meus ouvidos cessou quando meus olhos se abriram e eu encarei um teto branco, uma luz forte. Eu estava morto? Mexi-me de leve, percebendo que estava deitado em uma cama. Era um dos quartos daquele hospital. Procurei por alguém e avistei Cassie, deitada no sofá a centímetros da cama que eu me encontrava. Meus músculos doíam, meu estômago estava enjoado, um peso incômodo em meu pescoço, mãos geladas. Fiz um som com a boca e logo Cassie se levantou, me olhando com surpresa. 
- Você acordou, que bom! - coloquei a mão na testa, fechando os olhos com força. 
- Cassie... – olhei-a, seus lábios formaram uma linha reta e ela balançou a cabeça de forma negativa. - Por favor, Cassie... Não me diga que... - sorriu e eu fiquei confuso. 
- Ela não morreu, Joseph! Eles conseguiram reanimá-la! - ela só faltou me abraçar. - E a sua pressão caiu muito, você desmaiou e te colocaram aqui, te medicaram e tudo o mais... 
- Cadê ela? - era só nela que eu conseguia pensar, pouco me importava o que tinha acontecido comigo. 
- Está desacordada, mas de acordo com a médica, o perigo já passou. 
Fiz força para tentar me levantar, apesar de Cassie tentar me impedir. Saí da cama e fui até a porta, ainda um pouco tonto. Segurei na mesma e saí dali. Deveria ser madrugada, o movimento ali era bem menor do que antes. 
Comecei a caminhar pelo enorme corredor com pouca iluminação, vendo algumas portas abertas e outras fechadas. Imaginei se Demetria estaria dentro de alguma delas. Senti uma nostalgia estranha ao trocar de corredor e perceber que em uma das portas que estavam abertas, um garoto estava parado em frente à cama onde um senhor todo entubado estava imóvel. Deveria ser o pai dele... 
Percebi que uma médica vinha do outro lado do corredor. Ao me ver, ela diminui os passos, quase parando, chegou perto e olhou para o garoto e o senhor que eu continuei observando. 
- O Andrew vem aqui todos os dias... - ela sorriu, cruzando os braços. - Pena que o pai nunca acorda para ver ele. 
- Ele... 
- Sim, ele está em coma. - ela respirou fundo, ajeitando os óculos. - Há dois meses. 
Fiquei em silêncio, percebendo que o tal Andrew falava algo olhando para o pai, provavelmente achando que ele escutava, só não conseguia respondê-lo. 
- Por que ele tá aqui a essa hora? 
- Ele me contou que todos os sábados à noite ele e o pai costumavam se sentar no sofá e ficavam vendo filmes a noite toda, comendo doces e porcarias. - ela soltou uma risada fraca. - Então Andrew disse que não perderia essa tradição... Passaria as madrugadas de sábado com o pai de qualquer jeito. 
Eu estava sentindo saudades do meu pai, mesmo que ele não merecesse. Quando eu era pequeno, nós dois éramos unidos também. 
Ela ficou de frente pra mim, olhando triste para minha camisa. 
- Você... Você deve estar deitado agora, rapaz. - me repreendeu com o olhar. 
- Sim! – respondi-a de má vontade, não querendo ouvir o resto. 
- Fui eu que cuidei dela, foi por pouco... - fechei os olhos, encostando-me a parede. - Ela era tão bonita... - ELA É BONITA! - berrei, me arrependendo em seguida ao ver o garoto perceber nossa presença e correr para fechar a porta do quarto. Senti minhas pernas fracas de novo e me lancei no chão, ficando sentado com as pernas esticadas. A médica me acompanhou, ficando do meu lado e sentando do mesmo jeito que eu. 
- Eu perdi meu marido há dois anos... - não a encarei. - Ele saiu para comprar leite e não voltou mais... Atiraram nele! - continuei do mesmo jeito, tentando buscar alguma palavra, mas tudo que fiz foi cruzar minhas pernas. - Qual é o seu nome? 
Joseph. 
- O meu é Maggie... Sabe, quando eu vi ela chegando aqui, eu senti que precisava salvar ela, precisava fazer alguma coisa... Ela estava tão bonita, digo, deveria estar tão bonita... E ao julgar pela sua roupa, vocês deveriam estar em alguma festa. 
- Sim. - eu não conseguia responder de outro jeito a não ser com uma simples palavra. 
- Faremos o possível, Joseph! 
- Não – afastei-me um pouco dela, olhando em seus olhos. - Vocês vão fazer o possível e o impossível! - ela ficou em silêncio, olhando para o teto e depois para mim. 
- As pessoas que nós amamos não nos deixam, Joseph. Nunca! Mesmo que elas sejam obrigadas a ir para longe. Acredito que o que mantém um sentimento aceso é a capacidade de imaginar, de sentir a presença do outro mesmo que ela não exista perto de você... 
- Não me diga essas coisas, isso é ridículo. 
- Bom, é você quem sabe. (n/a: coloque a música 1 para tocar!)

I was blown away.
Eu fui surpreendido.
What could I say?
O que eu poderia dizer?
It all seemed to make sense.
Tudo parecia fazer sentido.
You've taken away everything
Você levou tudo embora
And I can't deal with that.
E eu não posso lidar com isso.

Abri meus olhos, vendo com a visão embaçada que Jared estava do meu lado, segurando uma xícara de café. Olhei por uma pequena janela e o dia já começava a clarear. 
- Cadê ela? - perguntei, levantando-me e vendo Cassie, que estava dormindo em um sofá perto de onde eu estava. Estávamos em uma sala pequena, porém vazia, logo percebi que uma porta com um tipo de janela de vidro ficava ao lado, onde algumas enfermeiras entraram e saíram algumas vezes. Avistei Maggie, que entrou naquela porta. Jared fez um sinal negativo com a cabeça, pedindo para que eu não fosse até a porta, mas meus pés já me guiavam até lá, sem que eu percebesse. Quando cheguei perto, Maggie saiu da sala, se assustando ao me ver. 
Joseph... - ela ficou sem graça e começou a esfregar as mãos. - Tenho uma notícia boa e uma ruim. 
- Fala logo, Maggie! - minha cabeça latejava e eu só queria saber se Demetria estava bem. 
- A boa... - ela deu um meio sorriso. - É que conseguimos tirar a bala e felizmente não cansou dano nenhum... - respirou fundo. - A ruim... - ela olhou para aquela mesma porta, fazendo um sinal positivo para uma enfermeira que saía. - Ela teve uma parada cardíaca, Joseph... Nós a perdemos por quase um minuto. E isso não deveria ter acontecido. Ela perdeu muito sangue, ela estava agitada demais? Estava tensa? Se esforçando e preocupando-se muito? Esses são fatores de risco. 
Não queria ter tido aquela lembrança, me fazia muito mal. 
Não queria ouvir mais nada, era como se ainda estivessem enfiando uma faca em meu peito, como se o meu corpo fosse se desmanchar. Eu a tinha perdido por quase um minuto... Um minuto e talvez ela não estivesse mais aqui, um minuto e aquele sonho se tornaria a cruel realidade. Sentindo minhas mãos tremerem, fui até a janela de vidro, imaginando que por ali eu conseguiria vê-la. 
- Vá em frente, mas não pode entrar ainda... - ignorei o que ela disse e procurei com os olhos por dentro do quarto que o vidro tornava visível. E lá estava ela. Tão pálida, tão debilitada... 
Seus olhos estavam fechados, em seu braço algumas agulhas por onde algo que deveria ser um remédio ou soro passavam. Doía vê-la daquela maneira. A mulher que sempre parecia tão viva, que conseguia me deixar louco, que parecia inatingível apesar de tudo... 
Não consegui segurar as lágrimas mais uma vez ao imaginar o que eu faria se aquele um minuto tivesse se transformado na eternidade. Se eu nunca mais visse seus olhos se abrindo de novo, se eu nunca mais pudesse ouvir a voz dela dizendo que não desistiria de mim... Sentir o corpo dela junto ao meu, como se fôssemos um só. E a boca dela, eu não saberia mais como viver sem DemetriaLovato. 
Olhei para seu rosto mais uma vez, desejando poder tocá-lo nem que fosse por poucos segundos. Senti a necessidade de sair dali, de ficar sozinho e pensar, como eu sempre fazia. E foi o que eu fiz. 
Passei pela porta da sala que estava, dando de cara com um corredor vazio. Enquanto eu dava passos firmes, percebia que mais a frente uma criança estava sentada em um dos bancos que eram espalhados pelo local. 
Era Andrew. 
Depois de um tempo encarando o corredor branco, resolvi me aproximar dele. Sentei-me ao seu lado, percebendo que o garoto tinha uma folha apoiada em suas pernas e lápis coloridos nas mãos. Continuei a reparar quando ele afastou um pouco a cabeça, percebi o que ele estava desenhando: Uma lua sobre um mar. Senti meu coração bater mais forte e o garoto sorriu. 
- Você gosta do meu desenho? - ele estava concentrado em pintar o resto do mar que ainda faltava. 
- Gosto! - eu disse com a voz baixa. Depois de alguns minutos em silêncio, apenas ouvindo o barulho do lápis correndo sobre a folha, ele voltou a falar. 
- Deixa eu adivinhar... A sua namorada tá aqui? - arregalei meus olhos, tentando pensar em uma resposta. 
- Hm... Sim! 
- Andrew, Andrew, seu pai acordou! Ele tá perguntando por você... Meu Deus, é um milagre! - vi uma senhora aparecer no corredor, sorridente.
- PAPAI! MEU PAPAI ACORDOU! - ele deu um pulo da cadeira, pegando suas coisas e indo na direção da porta. Mas deu meia volta e parou na minha frente, me olhando. - Toma! - ele estendeu a folha que desenhava, esperando que eu pegasse. - Sua namorada vai ficar bem! - dito isso, ele disparou a correr. 

I try to see the good in life, 
Eu tento ver o lado bom na vida,
But good things in life are hard to find.
Mas boas coisas na vida são difíceis de encontrar.
We'll blow it away, blow it away.
Eu superarei isso, superarei
Can we make this something good?
Nós podemos fazer disso algo bom?
Well, I'll try to do it right this time around.
Bem, vou tentar fazer o certo desta vez.

Horas depois...

Depois de olhar para aquele desenho várias e várias vezes, guardei-o dentro do bolso da minha calça. Troquei de camisa rapidamente, agradecendo mentalmente por Jared ter se lembrado de mim e ter trazido uma. Estava em um dos banheiros do hospital e encarei meu reflexo no espelho. Eu estava acabado, em um estado deplorável. Aquele ele era o resultado da ressaca, da falta de dormir, do choro... Quando Demetria acordasse ela se assustaria, eu tinha quase certeza disso. Abri a torneira, jogando água fria no meu rosto, tentando melhorar um pouco. Respirei fundo, aliviado pelo banheiro estar vazio àquela hora. 
Saí do banheiro e vi Jared sentado em uma sala com televisão, ele estava com os olhos presos na mesma e Cassie estava deitada em seu colo. 
Quando é que os dois... Ah, tanto faz. 
Fui até lá, sentando do lado deles, percebendo que no canal em que a televisão estava ligada, um jornalista falava sobre um acidente na noite anterior. A imagem do carro, o caminhão parado logo à frente. Era o acidente de Ian, aquele desgraçado. 
- Tinha mais de uma pessoa no carro. - Jared se mexeu com cuidado, para não acordar Cassie. - Só podia ser o James. - ele me olhou com cautela. - Traidores! - xinguei, tentando controlar a raiva que eu ainda sentia, sabendo que não adiantaria nada. Eles já estavam mortos, tudo que ainda importava era Demetria. E ela estava bem, não estava? Eu só não conseguia entender aquela parada cardíaca... Aquele quase um minuto em que ela quase partiu para sempre. Preferi tirar os pensamentos negativos da mente e olhei para Jared, dando um meio sorriso. 
- Sabe, Jared... - olhei para baixo, decidindo que não me importaria mais com os outros e não dizer pelo menos algumas vezes palavras amigas só pioravam as coisas. - Obrigado, de verdade. 
- Pelo quê? - ele me olhou confuso. 
- Por tudo, na verdade, eu sempre fui um... Ignorante psicótico, não deveria ser fácil me aguentar. E você foi o único dos três que realmente me ajudou em alguma coisa que valia a pena, você não saiu do hospital um minuto sequer. 
- Não precisa me agradecer, você sabe que eu nunca gostei da fazer o papel de alguém malvado, mas felizmente a Demi apareceu e olha só... Mudou tudo! Parece que eu estou conversando com outra pessoa. Uma pessoa mais calma... - ele riu, e eu o acompanhei. 
- Idiota, eu ainda posso ser muito mau se eu quiser. - mais risadas e logo Cassie fez uma cara feia, apertando a perna de Jared. 
- Eu também posso ser má se vocês não me deixarem dormir. - revirei os olhos, voltando a prestar atenção na televisão. Mudei meu olhar de direção e percebi que Maggie estava entrando na sala, ela não estava sozinha. 
A princípio, não reconheci aqueles dois rostos, mas bastou a mulher me olhar com uma expressão preocupada e eu prestar um pouco mais de atenção. Aquela só podia ser a mãe de Demetria, era tão parecida... Eu poderia dizer que era uma versão dela com mais idade. 
- Essa é a senhora Sue, mãe da Demetria. - ela falou normalmente e eu tentava manter uma expressão calma, mas era difícil. Parecia que a mulher sabia plenamente o que havia acontecido e logo viria pra cima de mim. - E esse - ela apontou para um menino que deveria ter uns 15 anos, era uma versão masculina de Demetria. Nunca tinha visto uma família que se parecia tanto... - É Peter, irmão dela. Fiquem a vontade, assim que ela acordar nós avisaremos vocês. É apenas questão de tempo. 
- Obrigado, Maggie. - eu disse com a voz baixa, percebendo que o menino se aproximou de mim e sentou ao meu lado no sofá. 
- Você é o chefe dela, certo? - percebi um leve sotaque que deveria ser francês ou algo do tipo na voz dela. - Joseph... Sim, eu me lembro dela falar de você no telefone. O que diabos faziam em Los Angeles? Ela trabalha e mora em Londres, qual é o problema... 
- Me desculpe, senhora Sue! - lição de moral era o que eu menos queria ouvir naquele momento. Levantei-me, fazendo com que todos me olhassem e saí da sala, encontrando o corredor e Wolfe andando mais a frente. E eu que pensei que ele nem estava mais aqui. Encaramos-nos, tensos. 
- Pelo menos ela está bem agora. - ele disse, parando quando a distância entre nós era pouca. 
- Sim, está. - conversar com alguém que você considera um inimigo não era algo muito saudável. 
- Cara... - ele começou. - Não era o que você estava pensando... 
- Do que está falando? 
- Naquela festa... Eu que armei tudo, não foi culpa dela. - eu deveria ter imaginado, poderia ter evitado tanta coisa. 
- Isso faz diferença agora? Não vai fazer com que o tempo volte, vai? - dei meia volta e deixei Cameron para trás. Continuei a vagar sem rumo pelo hospital, esperando alguma notícia. Tempo depois, encontrei com Maggie em um dos corredores, e ela sorriu ao me ver. 

Joseph, eu não deveria permitir isso, mas sim... Sei que você quer vê-la e eu vou deixar! 
- Sério? - senti meu coração acelerar, imaginando como seria chegar perto dela de novo. - Agora? 
- Sim, agora! - ela sorriu. - Ela não acordou ainda, mas não vejo problemas... - começou a andar pedindo para que eu a acompanhasse. Depois de pegar um elevador e subir dois andares, estávamos em um corredor muito iluminado, com várias portas, todas fechadas. A cada passo que eu dava era como se uma chama dentro de mim fosse aumentando. Eu poderia dizer que estava feliz, coisa que não acontecia há algum tempo. Ela acenou para um médico que estava em frente à porta e o mesmo nos deu passagem, ela girou a maçaneta da porta e no começo tudo que eu consegui ver foi a luz forte dentro do quarto e um barulho que deveria ser o medidor de batimentos cardíacos. 
- Cuidado, Joseph, é só isso que eu peço. Volto logo! - ela deu um tapinha leve em meu ombro, e saiu do quarto, fechando a porta com cuidado. Virei meu rosto, sentindo o meu coração bater descompassado e meus pulmões lutarem por ar. 
Eu estava com ela ao meu alcance. 

Let's start over.
Vamos recomeçar.
I'll try to do it right this time around.
Eu tentarei fazer a coisa certa dessa vez.
It's not over.
Não está acabado.
'Cause a part of me is dead and in the ground.
Porque uma parte de mim está morta e no chão.
This love is killing me,
Este amor está me matando,
But you're the only one.
Mas você é a única.
It's not over.
Não está acabado.

Aproximei-me com cuidado, examinando cada detalhe do rosto dela que agora não estava mais tão pálido. Sua mão estava sobre a barriga e ela respirava calmamente. Os cabelos estava soltos e esparramados pelo travesseiro de cor clara. Sem pensar, coloquei minha mão sobre a dela e aproximei meu corpo, dando um beijo leve em sua bochecha. Fiquei parado, apenas refletindo sobre tudo e não tirando meus olhos do rosto dela, dos seus olhos... Desejando com todas as forças que eles se abrissem logo. Segurei sua mão um pouco gelada com um pouco mais de força. 
- Você tem que acordar logo, Demetria! Você tem noção de como me deixou? - fiz carinho em seus dedos. - Eu te amo. Eu te amo tanto que até dói, e às vezes eu não suporto essa dor. Mas eu sei que a dor de te perder seria muito, muito pior. Ela me mataria. - a cada segundo que se passava e ela não demonstrava sinal de consciência, eu só conseguia ficar mais agoniado. - Já está me matando! A cada maldito segundo que seus olhos continuam fechados. 
De repente, senti um aperto em minha mão. 
Ela se mexeu. 
Arregalei meus olhos, aproximando um pouco o rosto e vendo as sobrancelhas dela mexerem-se e os olhos começaram a se abrir aos poucos. A mão dela segurou a minha com ainda mais força. Eu não sabia se sorria, chorava, saía correndo atrás de Maggie ou se simplesmente assistia tudo aquilo. 
Ela não olhou pra mim de cara, virou um pouco o pescoço e encarou o quarto, fechando os olhos com força e abrindo de novo. Logo seus olhos se encontraram com os meus e tudo que eu consegui fazer foi sorrir feito um bobo. Ela fez uma cara de dor e eu soltei sua mão, ela levou a mesma até a região da costela e soltou um "Ai!" 
- Tá tudo bem... - eu disse baixinho. - Você não sabe como é bom te ver acordada! - Demetria estava tão sonolenta que não conseguiria montar mais de uma palavra para me responder. Ela apenas balançou a cabeça positivamente e voltou a segurar minha mão. Percebi que um leve sorriso começava a se formar em seus lábios. 

Taken all I could take,
Eu suportei tudo que posso suportar,
And I cannot wait.
E eu não posso esperar.
We're wasting too much time
Nós perdemos muito tempo
Being strong, holding on.
Ser forte, aguentar firme.
Can't let it bring us down.
Não pode deixar isso nos derrubar.

Demetria's POV

Confusão era o que me definia naquele momento. Vários flashes bagunçados e fora de ordem correndo por minha mente, a sensação estranha em meu corpo, a dor em algumas partes. O gosto amargo na boca, a cabeça que latejava, os olhos dele que me encaravam. 
É, eu me lembrava de tudo. 
- Foi... - comecei, a voz tão baixa que eu mesma quase não escutava. - Foi quase! - fechei os olhos, respirando profundamente. 
- Não era pra ser! - ele disse de imediato, aproximando o rosto. - Eu não suportaria. 
- Você é durão, tenho certeza que sim! - ri e parei ao perceber que aquilo fazia minha cabeça doer mais ainda. - Mas eu não podia te deixar, de qualquer jeito... 
- Sabia que eu te amo? - tive que ficar em silêncio por algum tempo, tentando absorver aquelas palavras. 
- O que você disse? 

My life with you means everything,
Minha vida com você significa tudo,
So I won't give up that easily.
Então eu não desistirei tão facilmente.
I'll blow it away, blow it away.
Eu superarei isso, superarei.
Can we make this something good?
Nós podemos fazer disso algo bom?
'Cause it's all misunderstood.
Porque foi tudo mal-entendido.
Well, I'll try to do it right this time around.
Bem, vou tentar fazer o certo desta vez.

- Eu disse que te amo. Eu preciso de você... Eu preciso muito de você! - arregalei meus olhos, sentindo meu coração querer acelerar, mas ao mesmo tempo deveria estar um pouco fraco para aquilo. Tão intensas eram aquelas palavras e eu tentava manter minha respiração instável, tentava. 
- Eu não acredito que você disse isso! - ele olhou pra mim, como se eu tivesse falado algo errado. - Sabe o quanto eu imaginei essa cena? Claro que nunca imaginei em um quarto de hospital, mas... Eu acho que meu coração vai parar de bater, tem um medidor ali, não tem? Nossa... 
- Fique quieta, Lovato! - ele disse alto e riu em seguida. - Como eu queria te pegar nos meus braços e matar toda a maldita saudade que eu senti. - ele queria me matar com aquelas palavras, meu Deus. - Sua mãe e seu irmão estão aqui, provavelmente eles vão querer te ver e... 
- Minha mãe tá aqui? - eu disse alto, colocando uma mão na testa e a outra na região da costela, fazendo uma cara de dor. - Droga, tá doendo. - ele ficou bem perto e beijou minha testa. 
- Eu prometo que nunca mais vou te machucar. - devolvi seu olhar e senti nossos lábios se grudarem. 
- Prometa também que não vai sumir da minha vida. - eu disse suplicante, com uma mão em seu braço. 
- E você acha que eu conseguiria? - a médica abriu a porta, dando um sorriso ao me ver. Chamou por alguns enfermeiros e pediu para que Joseph saísse um pouco do quarto. 

We can't let this get away.
Nós não podemos deixar isso escapar.
Let it out, let it out.
Deixe sair, deixe sair.
Don't get caught up in yourself.
Não fique presa em você mesma.
Let it out.
Deixe sair.

Algumas horas se passaram, todos já haviam passado por meu quarto. Foi bom matar a saudade de minha mãe e Peter, eu não os via há quase dois anos. Minha mãe estava inconformada, não acreditava em tudo que tinha acontecido, mas eu tive que inventar algo, não podia dizer a verdade nua e crua, seria demais para ela. 
Ouvi a porta se abrir de novo e pensei ser Maggie, ou algum outro médico, mas me enganei. 
Era Cam. 
- Como se sente? - ele não chegou muito perto, ficou encostado na parede da porta. 
- Mais ou menos. - respondi simplesmente, evitando olhá-lo.
- Que loucura, não? 
- Nem me fale. – olhei-o, e nossos olhares se encontraram. - Eu não estou armada, não precisa ficar tão longe. - assim que eu disse isso, ele deu um leve sorriso e se sentou na cadeira ao lado de minha cama. 
- Poderia ter sido bem mais grave, não é? Se não fosse por mim... - ah, então ele jogaria aquilo na minha cara? 
- Obrigada, Cameron. Fico muito agradecida que tenha se arriscado a levar um tiro por mim... Vai se vangloriar a vida inteira? 
- Não coloque palavras em minha boca, Demetria. 
- Pode chamar minha mãe? Quero falar com ela. 
- Tudo bem, eu já estou indo! - ele se levantou e antes que chegasse à porta, eu o chamei. - Sim? 
- Você vai embora? 
- Você quer que eu vá? 
- Sinceramente? Quero sim! 
- Então eu irei. 

/Demetria's POV

Aprender a lidar com certo fato era diferente de esquecê-lo. Aquela frase ficava sendo repetida em minha mente há horas. Eu nunca me esqueceria de tudo que aconteceu em minha vida, mas eu poderia lidar com aquilo. Eu era forte, eu era Joseph Jonas... Eu faria o melhor de mim por ela, única e exclusivamente por ela. Guardando minhas forças para quando algo ou alguém do meu passado desejasse me cobrar alguma coisa. Isso me assustava. 
- Adeus, Jonas. - ouvi a voz de Wolfe, assim que ele saiu do quarto de Demetria. Respondi apenas com um aceno de cabeça, torcendo para que ele realmente sumisse da minha vida. 
- Posso te pedir uma coisa? - perguntou. 
- Peça. 
- Cuide dela! Eu duvido que consiga, mas pelo menos tente... 
- Vá para o inferno, Wolfe! - dei de ombros. Quem o idiota pensava que era pra falar daquela maneira? 
- Nós com certeza nos encontraríamos lá depois de algum tempo! 
- Agora me deixe em paz, está bem? 
- Vou deixar. - ele deu um sorriso sem mostrar os dentes e colocou óculos escuros. - Torça para que o passado também deixe. 

It's not over.

Dois meses depois.
Londres.

(n/a: coloque a música 2 para tocar!)

It's not a silly little moment
Isso não é um momentinho bobo
It's not the storm before the calm
Não é a tormenta antes da calmaria
This is the deep and dying breath
Isso é a profunda e ofegante respiração
Of this love that we've been working on
Deste amor no qual estávamos trabalhando

Ouvi a campainha tocar e mordi o lábio. Fui o mais rápido que pude até a porta, abrindo-a sem demoras e dando de cara com um sorriso. Um incrível sorriso de Demetria. Ela estava com os cabelos soltos, enrolados apenas nas pontas, levemente armados, do jeito que eu tanto gostava. Um sobretudo vermelho como o sangue cobria seu corpo, sapatos altos nos pés e uma meia-calça preta. Fiz um sinal com o olhar para que ela entrasse, e assim que fez isso, se postou ao meu lado, olhando meu rosto com curiosidade. 
Eu tinha prometido uma surpresa. 
E ela teria uma surpresa.
- E esse olhar misterioso, Joe? - ela riu de leve, envolvendo os braços nos meus ombros. Levantei uma sobrancelha e permaneci em silêncio, vendo-a me olhar em dúvida. 
- Me acompanha até lá em cima? - apontei a escada com o olhar e ela concordou com a cabeça, seu olhar se tornou malicioso. Subi na frente dela, calmamente, mas com firmeza. No fundo eu sentia vontade de rir feito um idiota, expor todos os pensamentos que circulavam por minha mente, mas eu apenas me virei e lancei um olhar sério para ela. Chegamos à porta do quarto, e eu a abri, dando passagem para que Demetria entrasse primeiro. Ela se sentou na cama, olhando atenta para o quarto, que era iluminado apenas por algumas poucas velas. Abriu os botões do sobretudo e o tirou, depositando o mesmo no chão, revelando um vestido preto... Que era bem justo ao seu corpo. 
Ela não deveria ter feito aquilo, não deveria. Ah... 
Fechei a porta, trancando-a e jogando a chave em qualquer lugar. Sentei-me do lado dela e esperei que ela falasse algo. 
- Eu estou muito curiosa, mas você já deve ter percebido isso! - eu encarava suas pernas, que apesar de cobertas pela meia, continuavam atraentes, atraentes ao ponto de me deixar tenso. 
Peguei a caixinha de madeira que estava sobre a cama e a segurei com força, vendo o olhar dela se voltar para a mesma. Juntei toda a intensidade que meu corpo conseguiu e a olhei de novo, soltando o ar antes de começar a falar. 
- Eu te devo uma coisa. 
- Deve? - seu olhar estava começando a ficar sério demais. Eu estava assustando-a. 
Ela me agradeceria depois. 
- Devo. - me aproximei ainda mais, encostando minha boca em seu ouvido. Deixei que ela sentisse minha respiração por seu pescoço e então sussurrei. - E eu vou lhe pagar com todo o prazer do mundo. - percebi que ela fechou os olhos e consegui enxergar que seu pescoço estava arrepiado. 
Abri a caixa e os olhos dela se arregalaram, tirei três objetos de dentro e Demetria levou a mão até a boca, não sabia se ria ou se ficava tensa, mais do que já estava. Levantei-me, não quebrando nosso contato visual. Por dentro eu sorria com malicia; por fora, meu olhar era firme e severo. Peguei o pequeno pano vermelho e a fiz levantar, puxei-a um pouco para longe da cama, ficando atrás dela. Encostei minha boca em seu pescoço, sentindo que ela levantou o braço, afagando meu cabelo. Coloquei uma de minhas mãos abaixo de seu busto, desenhando sua cintura. Parei em seu quadril e o puxei para trás. Se o movimento tivesse sido mais intenso, eu teria fundido nossos corpos. Ajeitei a venda cor de sangue e a posicionei na frente dos seus olhos. 
Joe... - sua voz era fraca. - Você não deveria... 
- Sh! - voltei a pressioná-la contra meu corpo de novo, e prendi meus dedos nos cabelos de sua nuca, puxando-os com certa força. - A partir de agora, você é minha prisioneira. - um sorriso brotou em seus lábios, ela se lembrava bem daquelas palavras, muito bem. 
Vendei Demetria, guiando-a até a cama. Fiz ela se sentar e peguei os outros dois objetos que estavam na caixa, esses reluziram sobre a luz fraca e eu fiz com que ela ouvisse o barulho. 
- Provavelmente você já sabe o que eu estou segurando, não sabe? - ela mordeu o lábio e balançou a cabeça de forma positiva. - Mas antes de usar isso, eu preciso fazer uma coisa... 
Fiz com que ela se deitasse na cama, totalmente em silêncio e permaneci a seu lado, não ficando por cima dela. Minhas mãos impulsivas foram logo para os botões que estavam perto do busto de seu vestido. Abri-os com cuidado, sendo torturado por conseguir sentir o toque dos seios dela. Depois de concluir aquilo, ela levantou os braços e me ajudou a tirar o vestido. Passei o tecido escuro por sua cintura, pelas pernas e finalmente ela estava apenas coberta por uma lingerie e aquela meia-calça. Sexy. 
Tirei minha camisa, jogando-a no chão e me posicionei em cima dela, com uma perna de cada lado de seu corpo, com os joelhos forçando-se sobre o colchão. Observei a luz das velas refletir naquela pele, aproximei um pouco meu rosto e beijei seu colo, sentindo o cheiro dela. Não era do perfume, era o cheiro dela, o cheiro próprio. Melhor que qualquer perfume. Coloquei minhas duas mãos sobre seus seios, fechando-as um pouco, tentando de maneiras impossíveis controlar o tesão que já me dominava. Logo o sutiã também não estava mais em seu corpo, e eu continuava com as carícias por seus seios, massageando-os, apertando, sentindo os bicos rosados e eretos roçando contra a palma de minhas mãos quentes. Certo de que aquele era o momento, peguei os dois pares de algemas e soltei uma risada baixa, porém que fez Demetria se mexer de um jeito excitado. Voltei a ficar por cima dela de novo e segurei seu braço esquerdo, erguendo-o até a cabeceira da cama, prendendo uma algema em seu pulso e a outra em um dos detalhes abertos da cabeceira. Fiz o mesmo com o braço direito e logo ela estava com os dois levantados, presa, tentando se soltar. 
- Você deve estar adorando o que vê! - ela não estava brava, mas parecia inconformada com a situação em que se encontrava. 
- Adorando eu estou, mas adorar ainda é muito pouco, meu amor... 
Vendada, presa, minha.
Com cuidado, abaixei meu tronco, sentindo os seios dela em meu peitoral. Encostei minha boca na sua, sorrindo ao perceber que ela estava desesperada por um beijo. E eu a neguei isso. Distribuí um caminho de beijos por seu rosto e pescoço, deixei que ela sentisse o calor do meu corpo se chocar contra o seu, provocante um incêndio interior. Seu coração batia embaixo do meu, eu conseguia sentir. Sentia os dois. 
- Minha prisioneira. Prisioneira dessa luxúria que escorre por meus olhos vendo seu corpo já suado, acorrentado, acorrentado aos meus desejos. - desci minhas mãos até sua cintura, segurando-a firme. - Demetria, a vingança não é doce... Ela é quente. Ela faz com que pensamentos insanos dominem nossa mente. Ela faz com que instintos animalescos tomem conta do nosso corpo. - ela soltou um leve gemido, excitada apenas com palavras. Palavras que eu não sabia de onde vinham, mas era tudo que eu sentia no momento. - Queima, queima... Você faz com que esse quarto pegue fogo, você me leva até o inferno. Você me faz te desejar tanto que isso até me assusta, isso parece horrivelmente errado. Insano, mil vezes insano. 
Joseph... - ele arqueou as costas, o suor já presente em seu corpo. 
- Prisioneira das loucuras que farei com você, prisioneira da chama de prazer que percorre queimando nossos corpos. - segurei a barra se sua calcinha, junto com as meias e as levei abaixo em segundos, ouvindo seus sapatos caírem no chão. - Seja bem vinda a minha vingança.
Dei um chupão em seu pescoço, sem tirar minhas mãos firmes de sua cintura que se balançava, junto com os quadris. Eu estava conseguindo deixá-la louca, mas aquele era apenas o começo. Depois de trabalhar em seu colo, abocanhei um de seus seios, fazendo movimentos circulares com a língua sobre o mamilo, mordiscando o bico. Enquanto isso, o outro era massageado. Ela já gemia alto, tentava puxar os braços para baixo, fazendo com que a madeira da cama fizesse vários barulhos. Minha língua passeava por sua barriga, aquela barriga que me provocava tanto desejo. Deus, como eu a desejava, como aquilo me deixava fora de mim. Dei uma leve mordida na pele abaixo do umbigo, provocando um espasmo em Demetria. Deslizei minhas mãos por suas coxas, fixando minhas unhas curtas sobre as mesmas, arranhando-as. Puxei-as, uma para cada lado, abrindo suas pernas. Beijando o interior de suas coxas e sua virilha. Percebi que ela ficou louca quando minhas unhas arranhavam de leve o interior de sua coxa, e então eu continuei com aquela provocação. 
Feliz por ter descoberto mais um ponto fraco dela. 
Minha língua logo tocou sua intimidade molhada, passeando com pressa por seu clitóris. Suguei-a com vontade, contemplando a beleza de seu corpo que se balançava, rebolava, suplicava por mais. Não poupei nenhuma mínima parte da extensão de seu sexo, não perdoei nenhum daqueles gemidos altos que ela soltava, com a boca entreaberta, os cabelos totalmente bagunçados e espalhados pelo travesseiro. Senti seu gosto de novo, de novo, mais uma vez, outra... O sexo oral mais longo que ela já teria tido.
Ela arqueava as costas, o suor escorrendo por sua testa, os seios balançavam levemente. 
Era a visão do paraíso. 
Joseph... - me chamou de novo, arfando. Tentava controlar os sons altos que queriam sair por sua boca. - Eu estou... Estou queimando... - tirei a boca de sua vagina e passei a estimular ela com dois dedos frenéticos, a fim de aumentar e prolongar seu prazer. 
- Esse é o meu inferno. Desfrute dele. - me senti malvado, perverso, qualquer outro nome... Mas ela estava naquela situação por minha causa, e a sensação não podia ser melhor. Só a sensação de um orgasmo superaria. 
Sadomasoquismo? Que seja! 
Fui rápido ao parar de tocá-la e tirei minha calça, levando a boxer junto. Meu membro latejava, implorava para estar dentro dela. Segurei suas pernas e as levantei um pouco, ficando entre ambas. Posicionei meu pênis em sua entrada, penetrando-a sem aviso prévio. Ela praticamente gritou quando a primeira investida foi dada, fora de si. 
Movimentei-me com força, com rapidez, não parando para pensar se aquilo teria algum resultado ruim, se aquilo traria alguma dor a ela. Eu estava louco, desesperado por prazer, desesperado por cada contato que nossos corpos unidos proporcionavam um ao outro. Ela não aguentava mais estar presa, não poder enxergar o que acontecia ao seu redor. Urrou, de raiva e prazer ao mesmo tempo e eu só conseguia provocar mais. 
- Grite, me xingue, me ameace... - meu coração batia com uma força sobrenatural em meio peito, meus gemidos eram duramente controlados por meus dentes que mordiam meu lábio com força, logo eu sentiria o gosto de sangue. 
- Você quer... - ela gemeu antes de terminar, rebolando, tornando a penetração mais prazerosa do que já estava sendo. - Você quer minhas mãos percorrendo seu corpo. Você quer, não quer? - dei uma investida mais forte, mandando para o inferno o fato de que minhas pernas não aguentariam no dia seguinte. - Você quer me beijar, você tem que me beijar! - ela sentia tanta falta de nossas bocas coladas em um momento como aquele, que sua voz nunca havia sido tão suplicante. Apertei suas coxas e soltei um gemido incontrolável. Sentia o suor escorrer por meu abdômen, por minha testa, por meus braços. Demetria gemeu de novo, seu peito subia e descia, a respiração descompassada, palavras sem sentido saindo descontroladas por sua boca. Uma delas foi meu nome, de um jeito que fez todos os pêlos do meu corpo se arrepiarem. Seus dedos do pé se curvaram, sua barriga contraía-se, suas pernas ao meu redor ficaram tensas. 
- Meu Deus... Joseph! Oh, Joseph... - saía de sua boca. Eu pensei que ela pediria para que eu parasse, pensei que não estava mais aguentando, pensei que estava doendo. Mas tudo que ela fez foi pedir por mais. Implorar por um pouco mais. A última investida, ela estava de um jeito que eu nunca tinha visto antes. Não aguentei e gozei dentro dela, sentindo meu corpo relaxar e arrepiar. Tentei fazer com que o ar chegasse a meus pulmões, o que estava sendo um desafio. 
Demetria ainda parecia estar em êxtase, ainda estava com os músculos contraídos, ainda soltava gemidos abafados. Definitivamente, um orgasmo. 
Saí de dentro dela, procurando forças e peguei, totalmente desnorteado, a chave no criado-mudo. Soltei-lhe um braço, depois o outro, ela rapidamente os envolveu em meu corpo, enquanto eu tirava sua venda lentamente, já com a respiração mais estável. Nossos olhares se encontraram, depois de separados por todo aquele tempo, eu não consegui fazer outra coisa a não ser sorrir e beijá-la com a força que ainda restava em meu ser. Nossas línguas quentes necessitadas uma pela outra, as mãos dela seguravam meu cabelo com força. Encerramos aquilo e nos encaramos de novo, ela ainda tremia um pouco. - Você é inacreditável. - sussurrou. 
- Sou, mas só por sua causa. 

My dear, we're slow dancing in a burning room. 
Minha querida, estamos dançando lentamente em um quarto em chamas.

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